quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Morte da 7ª Arte (Variação Cameron)


Duas Andorinha, um Fio e um Coco

Por mim desistia de dizer qualquer coisa com sentido, faria longas frases sobre absolutamente nada, mas isto é uma crónica e não quero começar com confusões ideológicas. A minha assombração contínua de parecer repetitivo não desaparece. Mas isso depende sempre da vontade da escrita em transparecer algo diferente. Não há menor existência do que aquela que aspira a nada, e a maneira de o homem conseguir isso é através da repetição, mais que não seja da estupidez. Juntando tudo aquilo que tento fazer: transmitir uma ideia inteligível, explicá-la e torná-la aceitável e mudar uma ideia qualquer na cabeça da pessoa que o estiver a ler; chego à conclusão que escrevo para ninguém ou bastante perto disso (haverá excepções pouco mais estendidas que a proximidade do conhecimento pessoal, e mesmo aí tenho muitas duvidas em conseguir fazer admitir um novo conceito). Essa, parecendo que não, é a melhor coisa que me podia acontecer. Não preciso de ceder à ideia moderna de reciclar conceitos já expostos.


Agora a parte do cinema, vá. Falando de bom cinema, fico sempre mais que entusiasmado quando vejo algo que me faz ter de desistir de uma ideia minha. Algo que pensava ser verdade e não o é. Esse verdadeiro momento em que existe algo que ao contrário da nossa vontade nos faz desistir de ser casmurro. A evolução do conhecimento humano depende precisamente disto, não da dúvida que nos faz por uma hipótese na qual estamos completamente correctos, mas sim do erro absoluto e da mudança de paradigma. Aborrece-me a ideia de dizer porquê, não tem sentido eu fazê-lo e isto é por si só evidente. Mas também pensava que quanto a filmes a mediocridade fosse também evidente por si mesma, mas há quem insista em dissertar longamente sobre coisas indefensáveis. Aqui também se pode entender, erradamente, que tento reduzir a arte a uma ciência ao incluí-la num processo de busca e conhecimento. São ideias opostas, incompatíveis e pouco saudáveis de juntar. Já foi tentado na música, chamaram-lhe a música clássica, e por isso a maior parte dela é inaudível a não ser por hipocrisia derivada de pretensiosismo intelectual. Hoje em dia, o cinema pensado como uma fórmula científica traduz-se em Hollywood. Quanto à razão de isto ser e a felicidade que isto trás às pessoas já disse o suficiente. A mim a felicidade vem do momento em que existe algo de novo e mais interessante. Continuo a pensar que a ideia de um ser humano desperdiçar a sua vida com o nada devia ser crime. Continuo a pensar que são precisos padrões, algo que guie quem não tenha por onde se guiar. A ideia de que todas as ideias devem ser aceites é uma idiotice absoluta. A ideia de que cada um tem um domínio da realidade equivalente ao de outros é abusivamente errada. O indivíduo que se acha correcto quando tem ideias menores continua a ser o maior inimigo da cultura e a longo prazo daquilo que faz a humanidade algo que deve ser admirado com alguma proximidade. A felicidade devia ser algo a que devemos aspirar, mas não sacrifiquem a humanidade por isso. A minha alegria está em cada coisa que muda tudo, esse poder que na ciência tanto demora, consegue ser feito em noventa minutos de filme, toda esta possibilidade e vocês continuam a pagar para ir ver o Bay. A ideia de estar morto, um coelho gigante e outro com dentes bem pontiagudos, casamentos na ex-Jugoslávia, cavaleiros sem braços, a perseguição feita por um loiro que parte dedos e uiva, uma câmara tremida a filmar uma islandesa, ultra-violência com um fato que sempre quis usar em qualquer dia menos no carnaval, toda a parafernália que o Miike pôs no Ichi e me fez perceber que existe muito mais do que eu pensava que era possível incluir num filme de qualidade sem ser desnecessário… Pequenas coisas que levam algo mais que o mundo lá dentro.


Só em jeito de adenda e porque eu gosto de fazer três parágrafos vou fazer uma lista de algum do lixo cinematográfico absoluto que anda por aí (condicionada aos filmes que vi), disponibilizando-me a explicar o porque de cada uma das minhas escolhas, podendo até fazer uma morte da 7ª arte especial só para esse fim se assim quiserem. E faço-o porque ao contrário de quem já é mais entrado na vida ainda tenho idade para isto. A. I., Slumdog Millionaire, Lord of the Rings (a trilogia), os Harry Potter’s todos (até os últimos que ainda não vi), Terminator 2, Terminator 3, Cars, Avatar e as sequelas que ainda não saíram, Jurassic Park, 2 Indiana Jones que vi (porque já não me lembro se vi o terceiro), qualquer dos Transformers que admito não ter visto na integra, qualquer coisa com o Vin Diesel, uns tantos Super-Man, os X-Men todos, Wanted, War of the Worlds (2005), Minority Report, The Day After Tomorrow, Mission Impossible 2 (porque não consegui ver nem sequer 5 minutos do primeiro), Star Trek’s, qualquer um dos Blade, E. T., aquilo a que chamam hoje em dia “comédias românticas” (como The Sweetest Thing), os três últimos Star Wars que afinal são os primeiros (embora os outros não estejam assim tão longe), Matrix Reloaded e Matrix Revolutions (o primeiro se safou-se daqui por muito pouco), Oceans não-sei-quantos, Die Hard’s, Spider-Man, Hulk, incontáveis James Bond, o Rocky e o Rambo, Planet of the Apes (2001), Independence Day, Wild Wild West, Man In Black (especialmente a sequela e desde já quero mostrar o meu desagrado na insistência do Will Smith andar sempre a ouvir o Songs In the Key of Life), Armaggedon

PS: Esta é uma muito pequena amostra, podia continuar mas não acabava. Para uma próxima ficará uma lista de filmes maus um pouco acima destes, obrigatoriamente muito mais divertida de fazer.

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